Musk x Trump: como a segurança nacional dos EUA se tornou dependente da SpaceX
Forças Armadas dos EUA utilizam os sistemas de Elon Musk para transmissão de dados e operações em tempo real
Internacional|Do R7

A disputa entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário e ex-integrante do governo, Elon Musk, escancarou a dependência dos EUA em relação à SpaceX para manter sua infraestrutura de segurança nacional. O rompimento entre os dois, que até recentemente eram fortes aliados políticos, trouxe riscos para as Forças Armadas e agências de inteligência americanas.
Na última semana, Trump sugeriu publicamente o cancelamento de contratos e subsídios federais às empresas de Musk. Em resposta, o bilionário chegou a ameaçar interromper algumas atividades da SpaceX que favorecem o governo americano.
O sul-africano chegou a anunciar que desativaria a nave Dragon, usada em missões tripuladas à Estação Espacial Internacional. Mais tarde, recuou da decisão.
Leia mais:
A Dragon é a única espaçonave americana atualmente capaz de levar astronautas ao espaço. Sua retirada causaria um vácuo operacional para a Nasa, que desde o rompimento com a agência espacial russa Roscosmos depende exclusivamente da SpaceX para esse tipo de missão.
Ainda não está claro que medidas Trump pode adotar contra Musk ou como o empresário responderá. Mas o conflito expõe um ponto crítico da política de defesa americana. A SpaceX domina o mercado de lançamentos orbitais globais, com 134 lançamentos em 2024. Sozinha, colocou 84% dos satélites em órbita no ano ado, segundo o American Enterprise Institute.
Boa parte desses lançamentos atendem os interesses da Casa Branca. Em abril, a SpaceX assinou um contrato de quase seis bilhões de dólares com o Comando de Sistemas Espaciais das Forças Espaciais para realizar 28 lançamentos. Isso inclui serviços para o Escritório Nacional de Reconhecimento, ligado ao Departamento de Defesa e à CIA. A empresa também tem papel relevante na iniciativa de defesa antimísseis Golden Dome, um dos projetos mais ambiciosos da gestão Trump.
A SpaceX oferece preços significativamente menores que seus concorrentes, como a Blue Origin e a United Launch Alliance. Isso se deve ao uso de foguetes reutilizáveis, como os modelos Falcon 9 e Falcon Heavy. A substituição dos serviços da empresa implicaria um aumento considerável de custos e atrasos na execução de missões críticas.
Além dos lançamentos, a SpaceX também lidera em comunicação via satélite. As redes Starlink e Starshield estão amplamente integradas à infraestrutura de defesa. O Exército, a Força Aérea e a Marinha utilizam os sistemas para transmissão de dados e operações em tempo real. A Starshield, voltada especificamente para uso governamental, tem sido apontada como essencial em ambientes de conflito.
A empresa opera uma vasta constelação de satélites em órbita baixa, menos vulneráveis a ataques e falhas. Isso reduz a dependência de infraestrutura terrestre e torna a rede mais adaptada a cenários de guerra moderna.
A atuação da companhia de Musk também inclui a entrega de tecnologias de sensoriamento e reconhecimento para o governo. A SpaceX está envolvida no desenvolvimento de capacidades de rastreamento de alvos terrestres, com imagens detalhadas da superfície mesmo sob condições adversas. Essa tecnologia é vital para operações de vigilância global.
Possível trégua?
Em mais um capítulo do embate entre Trump e Musk, o dono da SpaceX disse na quarta-feira (11) que se arrepende de algumas das postagens que fez na semana ada sobre o presidente.
“Me arrependo de algumas das minhas postagens sobre o presidente Donald Trump na semana ada. Elas aram dos limites”, escreveu Musk.
Trump e Musk começaram a trocar insultos na semana ada nas redes sociais, com o CEO da Tesla e da SpaceX descrevendo o abrangente projeto de lei de impostos e gastos do presidente como uma “abominação repugnante”.
Na quinta-feira (5), Trump ameaçou encerrar subsídios e contratos governamentais com empresas de Musk. Logo depois, o bilionário acusou o presidente dos EUA de estar envolvido em um caso de escândalo sexual.
O presidente dos EUA disse no sábado (7) que a relação entre os dois havia chegado ao fim, mas depois afirmou que não teria problema se Musk ligasse e lhe desejasse boa sorte.
Na noite de segunda-feira (9), Elon Musk ligou para o presidente dos Estados Unidos, disseram fontes à CNN. A ligação durou apenas alguns instantes.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp